Terminou em impasse a reunião promovida pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados para avaliar a situação dos hospitais federais do Rio de Janeiro, o ministro Ricardo Barros, representantes de conselhos profissionais e das próprias unidades de saúde. “Nós constatamos a falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais nas unidades e pedimos a renovação dos contratos temporários que terminam este ano. Os representantes dos conselhos relataram o mesmo problema. O ministério tem números mostrando que não há falta de profissionais e que seria desnecessário renovar os contratos com a reorganização dos serviços. Precisamos superar este impasse porque quem está sofrendo é a população”, afirmou o deputado Hugo Leal (PSB/RJ), integrante da comissão e coordenador da bancada do Rio.
Participaram da reunião, na noite desta segunda (16/10), no auditório do Cremerj, os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB/RJ), coordenadora da comissão externa, Alexandre Seferiotis (PMDB/RJ), Deley (PTB/RJ), Rosângela Gomes (PRB/RJ) e Simão Sessim (PP/RJ), representantes dos conselhos profissionais de medicina, enfermagem, nutrição, fonoaudiologia e odontologia e dirigentes e funcionários das nove unidades federais no Rio: os hospitais de Bonsucesso, Lagoa, Ipanema, Andaraí, Cardoso Fontes e dos Servidores, o Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia (Into), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Instituto Nacional de Cardiologia. Também estiveram na reunião os secretários de saúde do estado, Luiz Antonio Vieira Junior, e do município,
De acordo com Nelson Nahon, presidente do Cremerj, a crise é grande. “As instituições estão perdendo profissionais de todas as áreas da saúde, o que está levando ao fechamento de serviços. Já tivemos fechada, por exemplo, a enfermaria de cardiologia do Hospital do Andaraí. No Hospital de Bonsucesso, de oito oncologistas, só ficaram quatro”, afirmou. O mesmo panorama foi traçado por outros representantes de categorias profissionais e hospitais. De acordo com a deputada Jandira Feghali, profissionais que há 12 anos vêm tendo seus contratos temporários renovados acabaram se especializando em áreas de alta complexidade, o que torna a substituição deles ainda mais complicada.
O ministro Ricardo Barros, entretanto, resiste a renovar os contratos temporários porque consultoria contratada pelo Ministério da Saúde indica que as unidades só precisam de 1.500 dos 3 mil profissionais contratados assim. “A consultoria ajudará a indicar os potenciais e perfis de cada instituição. A especialização dos hospitais permitirá que nós possamos contratar as pessoas certas para cada um deles. Não será uma renovação do que já existia, porque o que já existia se mostrou ineficiente e deu maus resultados no atendimento à população”, disse.
Barros pediu aos deputados da Comissão Externa da Câmara que ajudem o ministério a chegar aos números certos. “Nós recebemos um número dos hospitais e vocês constatam outro: é preciso chegar a um denominador comum. Precisamos ainda resolver o problema da regulação unificada, objetiva que perseguimos há um ano e não conseguimos alcançar por problemas entre estado e município”, afirmou o ministro.
A Comissão Externa da Câmara já visitou quase todos os hospitais federais no Rio, apresentou projeto de lei estabelecendo critérios para a indicação dos gestores para unidades hospitalares para restringir indicações políticas, e reforçou ação judicial movida por conselhos profissionais pedindo a renovação dos contratos temporários que terminam em 2017. Agora, os deputados voltarão a se reunir para discutir novas iniciativas após o impasse na negociação com o Ministério da Saúde.