Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, o deputado federal Hugo Leal comentou o Relatório Global sobre Segurança Viária 2018, divulgado nesta sexta (07/12) pela Organização Mundial de Saúde, mostrando que, em 2016, o trânsito matou 1,35 milhão de pessoas no mundo. “Foram feitos avanços mas continuamos diante de uma epidemia mundial. O trânsito é a maior causa de mortes entre crianças de 5 a 14 anos e de jovens de 15 a 29”. E mais de 50% das vítimas fatais do trânsito são dos mais vulneráveis: motociclistas (28%), pedestres (23%) e ciclistas (3%), alerta o deputado, autor da Lei Seca e integrante da Rede Global de Legisladores pela Segurança Viária.
Hugo Leal destacou que, apesar de a própria OMS destacar que a legislação é avançada em muitos aspectos, a entidade sugere a redução do limite de velocidade em áreas urbanas para 50km/h. “O excesso de velocidade ainda é o maior responsável por mortes no país”, afirma o parlamentar. De acordo com a OMS, o índice de mortes do Brasil – 17.9 – está na média mundial, muito longe dos países europeus onde os índices ficam abaixo de 10 mortes por 100 mil habitantes. “A OMS aponta que a legislação brasileira é bastante avançada na exigência de cinto de segurança e capacetes e para coibir a embriaguez ao volante e o uso de celular. Entretanto, esses esforços nem sempre alcançam resultados se não vem acompanhados de fiscalização permanente e ações de educação e conscientização”, argumenta Hugo Leal. A Lei Seca brasileira é citada, no capítulo 3 do relatório, como exemplo de legislação que alcançou resultados. No relatório de 424 páginas, o OMS destaca iniciativas em todos os continentes que vêm contribuindo para a redução no número de vítimas.
O Relatório Global sobre Segurança Viária 2018 foi divulgado na sede da OMS, em Genebra, em evento onde o diretor-geral Tedros Adhanom fez questão de destacar que mortes no trânsito causadas por veículos em alta velocidade ou por motoristas embriagados não são acidentes. “O que pode ser prevenido não é acidente: precisamos melhorar a legislação, o comportamento dos motoristas, as vias e os carros”, disse. O relatório mostra que o índice mundial de mortes no trânsito ficou estável nos últimos anos – por volta de 18 por 100 mil – o que significa que a meta de reduzir a metade o índice de vítimas estabelecida pela Década de Ação pela Segurança Viária da ONU 2011/2020 não será alcançada.
O Relatório Global sobre Segurança Viária 2018 revela ainda a desigualdade também entre as vítimas do trânsito. Apesar de uma situação melhor nos países ricos, o número de mortes nas estradas não caiu em nenhum país de renda baixa, sobretudo pela ausência de medidas para melhorar a segurança, afirma o relatório. O risco de morte nas estradas continua sendo três vezes maior nos países pobres em comparação às nações mais ricas, com as taxas mais elevadas de mortalidade na África (26,6 para cada 100.000 habitantes) e as menores na Europa (9,3 para cada 100.000 habitantes). “A situação é semelhante no Brasil onde temos assistido uma redução no número de vítimas do trânsito no Sudeste e no Sul mas um aumento da violência no trânsito no Nordeste e no Norte do país e nas cidades do interior”, ressalta o deputado Hugo Leal.