
O secretário Washington Cerqueira na audiência pública na Comissão do Esporte: pedido de mais emendas para projetos com vocação esportiva e social e menos para obras de infraestrutura no setor – Foto: Claudio Araújo/PSD
A necessidade de ampliação da oferta de projetos esportivos com foco na inclusão social foi tema principal de audiência pública, realizada por iniciativa do deputado federal Hugo Leal (PSD/RJ) na tarde de quarta-feira (25/09) na Comissão de Esporte. “Tivemos uma discussão importante sobre os investimentos em projetos sociais com vocação esportiva que precisam ter mais atenção do Legislativo”, afirmou o parlamentar do Rio de Janeiro.
Segundo o secretário Washington Cerqueira, há uma distorção que merece atenção. Mais de 73% das emendas parlamentares voltadas para o esporte atualmente priorizam infraestrutura, e mais de 60% dessas estruturas esportivas estariam em estado de subutilização ou abandono, porque muitas vezes não há um pensamento de manutenção ou gestão do equipamento. Enquanto isso, apenas 18% das emendas no setor se voltam para a programas e eventos de vocação esportiva e social. O Secretário aproveitou a oportunidade para incentivar os parlamentares a aproveitarem as emendas individuais e de bancada para investirem em programas da pasta, em vez de infraestrutura. “Há muitas quadras, ginásios, campos de futebol abandonados. E quando há abandono, pessoas ligadas à drogadição e à bandidagem chegam e dominam. É uma realidade importante. Temos de tomar cuidado. Peço aos deputados que se preocupem com isso”, afirmou Washington.
O deputado Hugo Leal, autor do requerimento para a realização da audiência pública, reforçou a necessidade de aumentar o investimento em projetos: “A infraestrutura, você inaugura, corta a fita e depois fica tudo esquecido. Quando há investimento no custeio, nos projetos, o parlamentar pode acompanhar sua execução por 24 meses. Precisamos inverter essa lógica do pensamento. É nosso dever acompanhar e fiscalizar se os recursos estão sendo bem empregados, ” enfatizou o parlamentar do PSD.
Presidente da Associação Brasileira de Secretários Municipais de Esporte e Lazer, Humberto Panzetti, reforçou a questão da distorção dos investimentos voltados para infraestrutura. “Investir em custeio e em projetos sociais na ponta é muitas vezes mais interessante do que em equipamento. É muito comum construirmos sem antes perguntarmos ao município se ele tem dinheiro para manutenção, para gestão. Para limpar a piscina. Para comprar papel higiênico. Para contratar funcionários. Muitos prefeitos desconhecem que existem outras formas de investir”, afirmou. “A criança de um projeto social vai frequentar aquele local durante dois anos. Os pais vão levar e buscar. Há inclusive um ganho político nisso”, afirmou.
Para apontar caminhos, o secretário Washington Cerqueira detalhou as premissas do Segundo Tempo, que atua no contraturno escolar, em áreas de vulnerabilidade social e de forma prioritária com alunos de escolas públicas. A ação oferece atividades esportivas três vezes por semana, duas horas por dia. “A ideia é democratizar o acesso à pratica e cultura do esporte educacional. Promover o desenvolvimento integral. O Segundo Tempo já atendeu quatro milhões de crianças e adolescentes desde o início. Hoje são 23.740 no país inteiro. É pouco em termos nacionais. É o que conseguimos com o recurso que a secretaria tem, mas pode ser muito maior com a ajuda das emendas dos parlamentares”, convidou.