Publicada em 24/02/2010
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Publicado Por: Bruna Gavioli
Estima-se que mais de dois milhões de veículos possam circular pelo país com algum defeito
Carros desenvolvidos às pressas e a busca desenfreada por redução de custos podem ser a principal causa das inúmeras convocações para a solução de problemas. Nas últimas semanas, grandes montadoras estrangeiras anunciaram uma série de recalls em alguns de seus modelos. Só em 2009, foram 35 chamados, maior volume em um único ano, com 460 mil veículos retornando às concessionárias.
Estima-se que, desde 1996, mais de seis milhões de carros vendidos no Brasil tenham sido convocados para reparar defeitos de fabricação. Em muitos casos, o recall é solicitado para solucionar problemas em itens de segurança como freios, direção, cinto de segurança e air-bag.
A Associação de Engenharia Automotiva atribui a convocação, em grande parte, a uma mudança na linha de produção. Em entrevista ao repórter Patrick Santos, o presidente da entidade, José Édson Parro ressaltou que atualmente o processo de um carro está mais acelerado. Parro destacou que o consumidor acaba ficando refém das montadoras.
O ex-presidente do Detran do Rio de Janeiro e hoje deputado federal pelo PSC, Hugo Leal, também critica o aumento no número de recalls no país. Ele chama atenção ainda para outra “artimanha” usada pelas montadoras: “o recall branco”.
O advogado Rodolfo Rizzotto, autor do livro “Recall – 4 milhões de Carros com Defeito de Fábrica”, ressaltou que o recall é uma questão de segurança de trânsito e não de relação de consumo.
Dados do próprio Denatran apontam que menos de 50% dos carros com defeito são levados pelos proprietários para o conserto. Estima-se que mais de dois milhões de veículos possam circular pelo país com algum defeito na fabricação.
Nesta quarta-feira, a montadora sul-coreana Hyundai anunciou um recall dos modelos Sonata nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, em consequência de problemas na trava das portas. A medida envolve 1.300 Sonata do tipo sedan vendidos no mercado americano e 46.000 unidades na Coreia do Sul. O anúncio da Hyyndai foi feito no dia em que os diretores da japonesa Toyota devem depor no Congresso dos Estados Unidos sobre a convocação de milhões de veículos.